Aquela manhã estava sendo uma tortura. Tortura. Raquel repetia isso a si mesma a cada dois minutos. O problema tinha começado muito, muito cedo. No metrô, extremamente lotado, um homem "alojou-se" logo atrás dela e, assim, qualquer solavanco ou movimentação de outros passageiros era motivo para... Pressioná-la.
Quando saiu, antes dela, ainda disse: "Bunda perfeita, hein, cavala? Perfeita, carnuda". Falava isso salivando, como um (homem) animal. Raquel nunca se sentiu tão aviltada. O pior é que esse tipo de situação se repetia com frequência. Raquel, tinha, de verdade, uma "bunda perfeita". Seu corpo era "delicioso, carnudo". Se não tivesse algum pouco de bom senso ou convicções próprias, poderia ganhar a vida rebolando em algum (homem) programa de auditório. Porém, sabia que, provavelmente, teria que se vender muito mais que isso... Portanto, trabalhava e estudava como uma pessoa comum.
Na medida do possível.
Na medida do possível.