Por: Franz Lima.
Meus pensamentos se perdem diante da imagem refletida. Não há mais o homem que outrora fui. O reflexo mostra apenas um pálido e frágil indivíduo. O reflexo indica uma verdade que há muito eu fingi não ver: eu estava morto.
Hoje é um dia atípico. Completo exatos 13 anos de solidão. Solidão voluntária, é verdade, mas isso jamais diminui o impacto da dor.
Dor? Como um cadáver pode sentir dor? Essa é uma resposta que não cabe a mim lhe conceder, pois tal conhecimento não me foi repassado. Apenas ouço as larvas devorarem lentamente cada centímetro de pele. Apenas ouço os poros transpirando pus. Sou alimento para bactérias.
Preso nesse corpo degradante, envolto em odores que olfato algum é capaz de captar, tento chorar. O esforço é vão. Lágrimas não verterão por essa face sulcada pela ação da deterioração. Choro lágrimas tão secas quanto a poeira. É o que me resta.
Estou morto.
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- E então? - questiona o enfermeiro.
O médico se vira. Há um cansaço enorme estampado em seu rosto. Então, ele responde:
- Todas as funções parecem normais. Os exames indicam isso. Contudo, ele parece preso ao corpo. O cérebro funciona e nada, absolutamente nada responde aos estímulos. Parece que está morto.
- Trauma? - pergunta novamente o enfermeiro.
- Jamais saberei. - responde o médico. - Creio que ele está condenado a perecer nesse lugar onde trancou sua própria essência. O corpo agora é uma prisão e eu não posso libertá-lo.
Bacana, mas dê uma olhada no estilo! No meio do parágrafo a fonte muda completamente... =/
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