Maurício é uma
criança como muitas outras. Alegre, brincalhão e extremamente
inteligente. Seus amigos o cercam como se fosse um planeta com seus
satélites. Podem chamar do que quiser: carisma, aura ou,
simplesmente, bondade. A verdade é que o moleque é muito, muito
legal.
Entretanto, um problema
assola a existência do menino. Ele não consegue se comunicar com o
pai. Na verdade, ele tenta. E muito. Mas seu pai é o tipo de cara
fechado, silencioso. Maurício ainda não se lembra do dia em que seu
pai parou e brincou com ele. Talvez porque isso jamais aconteceu...
O dia prometia muito. O
menino se levantou e olhou pela janela. Eram 7h15 e o sol já ardia,
mas de uma forma agradável.
Levantou e seguiu sua rotina. Escovou os dentes, arrumou-se e desceu para tomar café e ir para a escola. Porém algo estava errado. O silêncio era muito maior do que o normal.
- Bom-dia, pai.
Ficou aguardando, porém o homem continuava estático, apenas olhando para o jornal em suas mãos.
Maurício se contentou com o desprezo e pegou suas coisas. Estava sem fome. Estava triste por não ser digno de um simples 'oi'. Por que seu pai o tratava assim?
- Eu vou subir antes de ir à escola. Mas acho que não irei pra escola. Tudo bem?
O pai mal se dignou a olhar na direção da criança. Os olhos estavam fixos no papel, como se dali minasse a essência da própria vida.
A criança subiu, buscando atrair algum tipo de reação por parte da pessoa que ele mais amava no mundo. Nada.
Chegou ao quarto, abriu a porta e andou até chegar à janela. De lá, os mesmos raios de sol que o despertaram, que lhe trouxeram a sensação de alegria, não foram capazes de evitar que as lágrimas descessem.
Marcos não era um bom pai. Fato.
Marcos não estava preparado para perder tão cedo a mulher. Fato.
Marcos amava seu filho como jamais amara algo na vida. Fato.
Mas um outro fato era o distanciamento entre pai e filho. Era difícil olhar para o garato e não lembrar que ele era o responsável pela morte de sua esposa. Nada voluntário, lógico, porém era muito duro conviver com alguém que tanto amava e, mesmo assim, fora responsável - em parte - pela perda de outra parte sua, tão amada quanto.
Ele amanheceu muito triste e saiu para comprar o jornal. Era preciso distrair, mesmo que com as malditas notícias recheadas de desgraça. Inevitável conviver com a crua realidade.
Voltou para casa e abriu o jornal, devorando notícia por notícia. Lembrou-se que estava chegando a hora de seu filho sair para a escola. Oho para a mesa e viu a mochila arrumada. Ela estava levemente iluminada pelos raios solares que entravam pelas janelas.
Abaixou a cabeça e não mais interrompeu sua leitura. Era preciso se distrair...
O menino secou as lágrimas. Pegou a mochila e desceu novamente a escadaria. Era hora de cobrar. Até quando aguentaria tanto descaso?
Parou em frente ao pai e gritou. Gritou como se disso dependesse sua vida. Ele seria ouvido, por bem ou por mal.
Algo chamou a atenção de Marcos. A mochila estava fora do lugar. Não sabia dizer como pressentiu, porém era inegável que ela fora retirada.
Seus olhos esquadrinharam a sala. Nada.
Então, por infindáveis cinco segundos, ele viu o menino. O jornal caiu. Havia muita, muita tristeza na expressão de seu filho. Como não pudera perceber antes? Tentou falar, pedir perdão, mas o choro embargava sua voz. Ele esticou os braços e só teve tempo para ver o horror nos olhos de Maurício que fugiu em direção ao quarto.
- Filho, eu te amo... - disse, finalmente. Suas forças sumiram e ele sentiu a visão escurecer.
Marcos caiu da poltrona, ajoelhado sobre o jornal amassado. Na primeira página estava a manchete: Menino morre atropelado ao tentar fugir de casa.
Levantou e seguiu sua rotina. Escovou os dentes, arrumou-se e desceu para tomar café e ir para a escola. Porém algo estava errado. O silêncio era muito maior do que o normal.
- Bom-dia, pai.
Ficou aguardando, porém o homem continuava estático, apenas olhando para o jornal em suas mãos.
Maurício se contentou com o desprezo e pegou suas coisas. Estava sem fome. Estava triste por não ser digno de um simples 'oi'. Por que seu pai o tratava assim?
- Eu vou subir antes de ir à escola. Mas acho que não irei pra escola. Tudo bem?
O pai mal se dignou a olhar na direção da criança. Os olhos estavam fixos no papel, como se dali minasse a essência da própria vida.
A criança subiu, buscando atrair algum tipo de reação por parte da pessoa que ele mais amava no mundo. Nada.
Chegou ao quarto, abriu a porta e andou até chegar à janela. De lá, os mesmos raios de sol que o despertaram, que lhe trouxeram a sensação de alegria, não foram capazes de evitar que as lágrimas descessem.
Marcos não era um bom pai. Fato.
Marcos não estava preparado para perder tão cedo a mulher. Fato.
Marcos amava seu filho como jamais amara algo na vida. Fato.
Mas um outro fato era o distanciamento entre pai e filho. Era difícil olhar para o garato e não lembrar que ele era o responsável pela morte de sua esposa. Nada voluntário, lógico, porém era muito duro conviver com alguém que tanto amava e, mesmo assim, fora responsável - em parte - pela perda de outra parte sua, tão amada quanto.
Ele amanheceu muito triste e saiu para comprar o jornal. Era preciso distrair, mesmo que com as malditas notícias recheadas de desgraça. Inevitável conviver com a crua realidade.
Voltou para casa e abriu o jornal, devorando notícia por notícia. Lembrou-se que estava chegando a hora de seu filho sair para a escola. Oho para a mesa e viu a mochila arrumada. Ela estava levemente iluminada pelos raios solares que entravam pelas janelas.
Abaixou a cabeça e não mais interrompeu sua leitura. Era preciso se distrair...
O menino secou as lágrimas. Pegou a mochila e desceu novamente a escadaria. Era hora de cobrar. Até quando aguentaria tanto descaso?
Parou em frente ao pai e gritou. Gritou como se disso dependesse sua vida. Ele seria ouvido, por bem ou por mal.
Algo chamou a atenção de Marcos. A mochila estava fora do lugar. Não sabia dizer como pressentiu, porém era inegável que ela fora retirada.
Seus olhos esquadrinharam a sala. Nada.
Então, por infindáveis cinco segundos, ele viu o menino. O jornal caiu. Havia muita, muita tristeza na expressão de seu filho. Como não pudera perceber antes? Tentou falar, pedir perdão, mas o choro embargava sua voz. Ele esticou os braços e só teve tempo para ver o horror nos olhos de Maurício que fugiu em direção ao quarto.
- Filho, eu te amo... - disse, finalmente. Suas forças sumiram e ele sentiu a visão escurecer.
Marcos caiu da poltrona, ajoelhado sobre o jornal amassado. Na primeira página estava a manchete: Menino morre atropelado ao tentar fugir de casa.
Franz,senti nesse conto um pouco de tristeza por parte do escritor.
ResponderExcluirÉ triste quando a gente não consegue falar para as pessoas o quanto a amamos e que são importantes, eu aprendi isso quando perdi meu pai.
A perda dos pais, de pessoas que amamos são realmente dolorosas. Mas o que mais machuca, penso eu, é a ausência de oportunidade para dizermos, antes que eles partam, o quanto os amamos. Esse conto é sobre essa situação.
ExcluirObrigado pelo comentário, Ieda.