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quinta-feira, 28 de março de 2013

Crianças do Sapato


Para a Pati


Era uma vez uma velhinha,
Que morava em um sapato.
Ela tinha muitos filhos...
E cuidar deles não era barato!
Ela lhes dava sopa,
Mas não lhes dava pão.
Ela espancava as crianças
E punha-as no chão!
Era uma velha horrível
Com dentes como os dos leopardos.
Pariu mais de vinte filhos
E todos eram pequenos e deformados.
A fome deles era monstruosa,
Uma coisa feia e selvagem.
Por isso, quando vinha,
Não havia nada que os parassem.

Do sapato, às dezenas, saíam...
Gritando de dor, fome e libido.
Aquele aroma veio de longe
E o frenesi não podia ser contido!
Agora, uma presa estava próxima
E, por ora, sua carne serviria.
Juntamente com seu sangue,
Um banquete garantiria.

Insanos, encontraram a comitiva.
Alguns homens em seus cavalos,
Protegiam uma carruagem dourada.
Mas a fome não era por escravos...
Aquele uivo descontrolado –
Que pedia por sexo e alimento –
Pedia pelo perfume da princesa.
E, de seu corpo, o sofrimento.

Não houve chance para homem ou animal.
Cerceada pelo macabro festim,
A princesa rezava por salvação:
“Deusa, tenha piedade de mim!”.
Dedos retorcidos se aproximavam,
Desejando e conspurcando,
Transformando seda em farrapos
E, logo, a pureza violando.

As crianças do sapato
Não eram apenas “feras sem razão”.
A maldade lhes agradava...
Pequenos demônios em depravação.
Canibais e violadores,
Faziam uma mãe orgulhosa.
Afinal, sempre a levavam algo dos mortos
Para uma sopa bem gostosa. 



Um comentário:

  1. Se superando...gostei mto..Obrigada Mano...

    Medo das crianças do sapato..rsrs

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