Tatiana
segurou a mão de Thaís para ficar de pé, ainda assustada com
aquilo tudo: a prisão, a floresta, sua transformação em monstro, a
garota voadora que grita e agora... Thaís...a mulher-águia, que
depois de bicar até a morte a gritadora, transforma-se em humana e
lhe estende a mão, oferecendo sorriso e segurança.
Thaís
virou-se para a mata, segurando a mão de Tati, mas esta não se
moveu. Seus olhos estavam travados no montros morto no chão.
- Voce tá me ouvindo? Precisamo ir!
- O que é ela? - perguntou, estranhando o som da própria voz, era como se não falasse há muito tempo.
- Agora não é hora! É serio!
- Eu quero saber! - gritou. Soltou a mão dela e esfregou os olhos. - Isso tava vindo atrás de mim, queria me matar! Eu quero saber o que é!
- Vem comigo e eu te conto tudo no caminho, prometo, agora vamos!
Ao
longe, de algum lugar no céu, as meninas ouviram outro grito; como
antes, uma mistura de dor e raiva. Aquilo fez Tati despertar do seu
momento de coragem para voltar ao medo.
- Tem mais delas vindo! Vamos rapido!
- Mais delas? Tem mais dessas coisas?
- Bem mais do que eu gostaria!
A
mais velha voltou a pegar a mão dela e a puxar pelo mato e dessa
vez, a pequena a seguiu sem exitar. Ela a guiava por um caminho
dificil; não haviam trilhas naquela mata e tendo noção dos
recentes fatos, Thaís mais voava do que andava por aquela floresta,
pensou Tati.
Acima
de suas cabeças, as coisas continuavam a gritar, com certeza agora
eram mais de uma. Se sentia como urubus que sobrevoam a carniça de
um animal. E quem seria ela? Sua salvadora, uma garota que podia
virar águia... mas porque a salvara?
- Thaís?
- Sim... diga. - respondeu sem olhar pra trás, era como se estivesse fazendo força para se lembrar de algo.
- O que... são elas? Porque elas gritam tanto?
- São Sirens. Elas gritam pra deixar você com medo.
O
estomago dela pulou e um frio subiu pela espinha.
- Mas porque?
- Ela se orientam por feromonios de medo. Quanto mais medo você sente, mais elas te vêem. - ainda em olhar pra trás. Aquilo tudo paracia muito natural pra ela.
- Então elas... então...- A respiração acelerou; ela sabia que estava apavorada e aquelas Sirens podiam sentir isso.
- Não. Entre as arvores fica bem mais dificil pra elas. Elas sabem que você está por perto mas raramente se arriscam a voar tão baixo. Mas infelizmente elas não precisam descer, apenas sinalizar onde nos encontrar.
- Para quem nos encontrar?
Ela
não responde. Apenas faz um sinal pedindo silêncio. Ela olha ao
redor por uns intantes e depois escolhe um caminho. “Pelo chão é
mais dificil” sussurra ela pra si mesma.
Andam
mais um pouco por um caminho cheio de pedras. Tatiana estava exausta,
mas o medo de ser comida por Sirens e por sabe-sel-lá quem mais, não
a deixava parar. Por outro lado, sua salvadora não compartilhava da
mesma ideia.
- Vamos parar aqui por uns instantes.
Ela
sentou-se em uma pedra. De uma pequena bolsa na cintura, ela tira um
cantil pequeno e entrega para a garota menor.
- Beba, você deve estar com muita cede. No esconderijo tem mais agua e um pouco de comida também.
Rapidamente,
a pequena agarrou o cantil e em segundos, bebeu toda a agua que ali
havia para depois, cair sentada num tronco de arvore.
- Eu imagino que tenha muitas perguntas.
- Tenho... onde estamos?
- Num lugar esquecido por Deus, com certeza! Muito longe de qualquer coisa.
- E o que você... nós, somos?
- Não sei dizer. Eu não fui uma águia desde sempre. Que eu saiba, eu só comecei a me tornar uma, à uns dois meses atrás, quando eu fugi deles.
- Então eles nos fizeram isso? E quem são eles?
- Eu não sei. - olhou com tristeza para o alto – só sei que agora, eu, você e alguns outros, temos um “outro lado”.
Tati calou-se pensativa. Estava
confusa e com vegonha de fazer perguntas demais, mas Thaís parecia
querer falar:
Meu
nome é Thaís, eu morava em um lugar normal, com uma vida normal...
escola, garotos... sabe? Normal. Me lembro que tive vários sonhos
onde eu voava... e um dia quando eu acordei de um deles, eu estava no
alto de um predio. Eu não sabia como eu tinha chegado lá, mas
“eles” sabiam. Uns caras chegaram, me prenderam, e ai um deles
enfiou uma agulha em mim e eu apaguei... Acordei numa cela, acho que
você estava em uma tambem. Eles... me largaram lá por muito tempo,
não sei quanto. As vezes me tiravam e faziam coisas comigo. Veja,
essas cicatrizes que tenho na barriga, eu não sei que são, mas elas
são grandes o bastante pra me deixar preocupada. Eu não sei o que
tiraram ou puseram em mim... e e pareço ser a única que sofreu esse
tipo de cirurgia. Não, não te fizeram o mesmo, eu já olhei, você
não tem uma dessas. Um dia, me levaram para o que parecia se rum
laboratorio. Ao meu redor haviam muitas meninas, todas elas gritavam
de dor. Eu não sabia o que tava acontecendo e nem porque daquilo
tudo. Aquelas meninas... bem, elas são hoje o que chamamos de Siren.
De algum jeito elas foram criadas a partir de mim, como se fossem
clones mal-feitos meus. As asas delas são muito fracas, porém são
sustentadas por um exo-esqueleto que as permite voar, como você
mesma viu. Essas marcas no meu corpo e o peso de saber que aquelas
garotas sofrem eternamente por algo que foi tirado do meu corpo é...
algo dificil de suportar, eu me sinto responsavel pelas
desgraçadas,eu queria por um fim a dor delas... de todas elas!
Eu
fugi num dia em que uma dela escapou e começou a gritar e quebrar
tudo; ela sem querer (ou não), acabou me soltando, aproveitei a
chance oara escapar... eu corri e desejei com todas as minhas foçar,
voar mais uma vez... e quando vi, eu estava mesmo, escapei pelo
corredor e encontrei uma saída, mas, em meu caminho eu vi algumas
outras crianças e jovens presos. Fiquei nesse mato desde então,
acho que já fazem 60 dias, não tenho certeza, eu tava tao perdida
aqui sozinha, até que encontrei ele...
Pausa
e suspiro.
- Ele quem?
- Eu. - Disse uma voz, vindo de trás das duas.
Tati deu um pulo, assustada.
- Fred! Olha quem eu encontrei.
- A Tatiana... pois é, eu tive um encontro com ela hoje mais cedo.
Ele sai de tras da arvore que estava,
revelando uma cicatriz de garra no peito, onde Tatiana havia atacado
antes de fugir pra mata.
- Eu... não lembro de ter te encontrado... você é o tigre? O que me soltou?
- Thaís, ela é perigosa, teria matado todos os sobreviventes se eu não estivesse lá. Ela não se controla.
- Do que tá falando?
- Ela está bem agora Fred! Não precisa se preocupar!
- Eu não... não sou perigosa! Eu só to assustada! E quero ir pra casa!
- Essa é a sua casa agora Tati. - responde Fred, ainda olhando fixamente para Thaís.
- Quantos vocês conseguiu salvar?
- Quatro, contando com a Tatiana. Mas um deles morreu no meu do caminho, estava muito doente. Os outros dois estão na Toca.
Tati se irritou. Estavam falando como
se ela não estivesse ali, falando naturalmente de coisas horriveis
sem se preocupar com ela. Com a raiva crescendo nela, ela sentia o
medo sumindo.
- Quer saber, que se danem os dois eu to indo embora!
Pós-se a correr. Correu pela mata,
com agilidade e destreza que não sabia que possuia. Correu com força
e determinação, a achar uma saida, um lugar pra ir, uma estrada pra
seguir, qualquer coisa. Ouviu os gritos dos outros vindo de tras mas
ignorou, sua vontade de estar longe era mais forte, mas eis que
então... deparou-se com o mar. Era uma praia. Uma praia bem longa.
De boca aberta, encarava aquela dura realidade...
- sim – disse Fred, que chegou logo depois dela.- Isso é uma ilha, não tem como fugir. Desculpe.
Desolada, Tatiana caiu de joelhos na
areia; seus olhos estavam cheios de lágrimas, enquanto olhava para
aquela massa de agua interminável.
- Fred! São eles!
Fred e Tati se viram para trás.
Thaís apotava para a mata de onde eles vieram. Os arbustos estavam
se mexendo, as copas das arvores tambem, como se muitas pessoa
estivessem andando por eles.
- são as Sirens? - perguntou a pequena, secando as lágrimas.
- Não... são os frogs...
O rosto de Fred começou a assumir
uma aparência felina.
CONTINUA
Mazah..... *_* Tá ficando cada vez melhor... O_O
ResponderExcluirMuito bom mesmo. Surpreendente *.....*
ResponderExcluir