Ao contrário de praticamente todos os
membros da família Phillip, Ariel não se interessava por números, juros e
lucros, o que era uma decepção para seu pai. A família era historicamente
conhecida por criar e manter o maior banco grande cidade, e o único tão
duradouro naqueles tempos tão difíceis.
Nos estudos, Ariel revelara um grande
interesse pelas artes e uma baixa afinidade por cálculos e outras áreas
necessárias para manter a máquina do capitalismo. Vivia com livros pra todos os
lados, saia para assistir peças e até mesmo já havia participado algumas vezes
de algumas. Mas o que mais interessava ao garoto era a pintura. Mesmo a
contragosto de seu pai, adquirira todos os apetrechos necessários para tal
pratica, tomou aulas escondido com uma mestra que se tornara também uma amiga e
confidente.
Ariel era um garoto não tão grande
quanto deveria ser na sua idade, doze anos. Tinha pele clara, cabelo liso e
olhos negros brilhantes. Vestia sempre roupas coloridas e um belo sorriso.
Mesmo com as brigas com o pai, costumava conseguir tomar as lições que ele lhe
impunha e ainda conseguir praticas seus gostos escondidos. Tudo isso era
possível graças sua mãe, que lhe acobertava sempre.
Mas um dia, o “sempre” acabou.
Era um entardecer, Ariel voltava para
casa às pressas, antes que seu pai chegasse do banco. Voltava sozinho,
correndo. Não podia contar com o motorista da família, ele o entregaria.
Chegando próximo de casa, notou uma estranha movimentação por ali. Muita gente
entrava pelo portão que estava aberto, o jardim estava repleto de
desconhecidos. Também havia a polícia. O coração do garoto congelou.
Com muito esforço, conseguiu passar por
meio da multidão que formava um círculo ao redor de algo. Viu sua irmã e seu
pai de joelhos ao lado de algum que estava deitado. Uma poça de sangue se
formara ali. Alguém estava seriamente ferido.
Então, o pequeno Ariel conseguiu chegar
perto. E seu mundo desabou todo de uma só vez. O corpo ensanguentado era de sua
mãe. Havia sido esfaqueada, seu corpo estava praticamente irreconhecível, o
rosto também tinha vários cortes, assim como todo o corpo. Já estava morta
quando Ariel se ajoelhou ao seu lado.
Aquele momento de profunda dor, não
deixou que Ariel percebesse o olhar fulminante de seu pai, ao ver suas roupas
sujas de tinta.
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