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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Morrendo pelo renascimento. O diário de um suicída.

Quantas faces, pensamentos e ideais.
Homens, mulheres, todos com uma única meta: sobreviver.
São diferentes. Odeiam-se a ponto de um matar o outro e, ainda assim, oram pelo amor universal. Pura demagogia.
Alguns me observam com desprezo, apesar de não me conhecerem. Coisa típica de metrópoles, cidades-selva.
Olho para o alto e vejo os arranha-céus. Verdadeiras “Torres de Babel”, onde decisões são tomadas, destinos traçados, sem o conhecimento dos habitantes.
Neste lugar, o trabalhador é algo raro. Quase tudo funciona por botões, painéis computadorizados e senhas de acesso. Os poucos homens que existem dependem também da tecnologia.
Há muita diferença de trinta, quarenta anos atrás, quando o cérebro era o líder, ao invés de um “chip”.
Esse maldito ritmo nos faz esquecer o amor, a atenção à família e como é bom viver.
Por isso, eu perdi os que amava. A cada andar que subo, fica mais longínquo o ruído inumano dos poderosos.
Ao atingir o pico da montanha de concreto, chego a imaginar como Ícaro sentiu-se livre, afastado dos olhos incompreensivos e críticos de seres que não sabiam o quanto é difícil romper barreiras, tomar atitudes extremas.
Olho para as pessoas que estão muito abaixo e gostaria de saber o que elas imaginam agora.
Aqui venta forte, atingindo-me tão frio que seria capaz de apagar as chamas infernais.
Eu tenho medo de altura.
Imagens misturam-se à minha frente mostrando episódios passados de minha vida.
Meu corpo projeta-se ao ar. Os ventos atingem-me provocando dor e alívio. Nunca tive tanta liberdade em toda minha existência. Existência esta que chega ao grande final. Claro, nem tudo que aparenta estar finalizando, realmente está...
Quando meu corpo mescla-se ao solo rígido, tenho a nítida impressão de que serei algo além de um monte de vísceras humanas. Serei mais um a recusar-se em ser torturado, pondo um fim definitivo em tudo que me desagradava, inclusive eu mesmo.
O medo se foi...

9 comentários:

  1. Eis aí o nosso querido rapaz morto em: Enfermeiro Negro! Hashushusshuashuas

    Mais uma vez, um bom e curto conto, Franz!

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    1. Valeu, meu brother...
      Grande abraço.
      P.S.: não é o rapaz de "O Enfermeiro Negro"...

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  2. Adorei,bastante interessante a historia.
    Obs: mas aquela foto me lembrou muito do incêndio do edifício Joelma, apesar de ser criança na época eu vi cenas que nunca mais esqueci, pois eu estava lá, eu morava com minha madrinha no edifício na esquina de cina....



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    1. Ieda, a foto realmente é do incêndio do Joelma. Ela retrata com perfeição o desespero (ainda que disfarçado pela calma) dos que saltam para a morte.
      Obrigado por comentar...

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  3. Interessante, porém, previsivel. Os contos sempre nos fazem lembrar de algo já acontecido, real e sem surpresas. Outros pecam pelo tempo verbal, nem sempre corretos. Tomem como uma critica construtiva e mudem o que está errado para competir nesse imenso mundo literário. Não precisa de muito barulho para ser notado, apenas o tom certo para ser ouvido. Fica a dica.
    Ana Luiza

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    1. Obrigado pelas dicas, Ana Luiza. Agora, vamos aos pontos primários deste blog:
      a) somos escritores iniciantes que tem talento, isso é fato, mas ainda em processo de lapidação. Sendo assim, não se surpreenda com pequenos erros que, tenho certeza, não atrapalham a leitura. Além disso, todos eles serão revisados por profissionais.
      b) muitos de nós publicam contos que foram escritos exatamente no dia de sua publicação. Moldar uma ideia, transcrevê-la e ainda obter os ótimos resultados que temos não é fácil.
      c) Reforço: as correções serão feitas para que sejamos acolhidos no mercado literário. Essa é a meta.
      d) O conto não foi criado com a intenção de trazer surpresas. Escrevi com o intuito de provocar e instigar com o uso, ou melhor, com os pensamentos da mente de um suicída. Já conversei com vários que falharam (lógico) e obtive deles suas sensações antes da tentativa.

      Mas não deixe de comentar, criticar e elogiar, quando for o caso. Saiba que a sinceridade do leitor é ponto-chave para nossa evolução. O mesmo vale para nós, escritores, no ato da resposta ou justificativa.
      Grato...

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  4. Não vejo como sendo o cara do enfermeiro, posto que o mesmo foi morto atropelado rs

    Gostei bastante Franz... Você pegou mais a sensação de "tranquilidade" no pré morte , eu acho que poderia ter trabalhado também o turbilhão que vem antes dessa calmaria, que traria mais ritmo ao conto, mas ainda assim não acho que o resultado tenha ficado ruim. Muitas pessoas não compreendem o que se passa nesse momento tão decisivo onde você já simplesmente desistiu e se permitiu relaxar. Onde nada mais faz sentido a não ser finalmente descansar.

    Parabéns.

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    1. Valeu, Tati. O texto não é inédito, mas também optei por não mudá-lo. Como já dissemos, este espaço é uma oficina de aprendizado e é nele que seremos moldados. Um ano escrevendo é tempo suficiente para se aprimorar.
      Obrigado por comentar...

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    2. Tati 1 x Rainier 0
      Huashashuassfss...
      NOT THE NURSE GUY!

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