A sala era pequena, com paredes brancas. Uma mesa de madeira no meio e duas cadeiras. Uma terceira parede, era na verdade um grande vidro espelhado. Ele sabia que havia uma câmera ligada do outro lado do vidro, filmando e gravando tudo naquela sala.
Estava com os braços abaixados. Olhar triste, acabado. Nada mais importava pra ele; responderia todas as perguntas que lhe fizessem.
O detetive Carter entrou na sala e fechou a porta atrás de si. Olhou para o vidro e fez um sinal coma mão, depois voltou-se para ele, puxou a cadeira e sentou-se.
- Ok senhor Levin, pode me dizer o que aconteceu ontem a noite na sua fazenda?
Ele olhou com olhos muito tristes para o detetive e soltou um longo suspiro.
- O mesmo que eu ja disse antes, detetive. Mas ninguém acredita. Não tem mais nada que eu possa fazer.
- Apenas responda as perguntas no melhor que puder, tudo bem? O que fazia ontem, a essa hora da noite?
Mai um longo suspiro. Olhou para o detetive respondeu:
- Estava na minha casa, na fazenda. Ouvia o jogo no rádio, em minha sala.
- Pistons contra Atlanta?
- Sim.
- E sua família, o que faziam?
- A Cassidy tava pondo a mesa do jantar. Ela tinha em chamado pra ir comer, mas eu queria ouvir o fim do jogo.
- E sua filha?
- A Sara... - pausa.
- Sim senhor Levin, a Sara. O que a Sara estava fazendo?
- No quarto dela, eu acho... conversando com alguma amiga pelo telefone.
- A ultima ligação do celular dela era para uma garota chamada Ellen Tallarasse.É alguma amiga que o senhor conheça?
- Ellen, sim, eu a conheço. Eram amigas.
- Ela foi interrogada hoje mais cedo. Disse que estavam ao telefone quando ouviu Sara gritar e em seguida a ligação caiu.
O homem baixa a cabeça e não diz mais nada.
Depois de um breve silencio, o detetive continuou.
- Por que a Sara gritou, senhor Levin?
- Porque o homem comprido estava na janela dela...
- O Homem comprido.... - repetiu o detetive, num tom de desdém. - Já ouvi a lenda: um homem bem alto, com braços e pernas bem longas não é?
- Sim. Ele mesmo. Desde que eu era criança eu o via rodando a fazenda, mas todos me diziam que era só coisa da minha cabeça.
- Não! - respondeu num tom de raiva. - ele é real.
- Então foi o homem comprido que matou Cassidy e Sara?
- Não foi....
- Então quem matou elas?
- Eu... - disse com voz tremula, cheia de dor e pesar.
- Então o senhor admite ter atirado nas duas?
- Sim.
- E por que as matou?
- Porque elas pediram...- respondeu baixo.
- Por que?
- Porque elas me pediram! - levantou a voz.
- Como assim, elas pediram para o senhor pegar seu rifle e as matar?
- Sim. Eu estava na sala quando ouvi o grito de Sara. Foi só um grito. Minha mulher foi ver o que era, e ai, eu ouvi o grito dela também. Peguei meu rifle de caça e sai correndo e gritando o nome delas e entao...
- Então o que...?
- Eu vi ele. Ele era enorme, parecia estar em toda parte. A luz do quarto oscilava com a presença dele. Desde criança, quando a luz falhava, eu sabia que era ele por perto.
- Pode descrever ele?
- A janela tava aberta, ele tava com o corpo pra dentro, esticado, magro e comprido. Ele tinha braços muito longos, mas tinha uns tentáculos ou algo assim, que saiam das costas dele... eles se agitavam e preenchiam todo o quarto.
- E sua familia?
- Cassidy e Sara estavam nos braços dele. Elas me olhavam com um olhar vazio e perdido. Ouvi a Sara me chamando, mas parecia que ela tava sonhando e não acordada. A Cassidy pedia socorro, mas também não se mexia, tava no braço dele.
- E depois?
- Ele virou o rosto pra mim. Não tinha nada na cara dele. era como um saco de pano branco. Não tinha nariz, nem boca nem olhos. Nada. E ai ele puxou o corpo pra fora e levou elas. Eu corri pra fora também, pulei a janela. Ele tinha uns 3 metros ao todo e as carregava para a floresta.
- Foi aí que você atirou nelas?
- Sim... Eu tentei acertar ele, mas não consegui. As balas pareciam passar direto. Como se ele nem fosse real. mas então, a Cassidy pediu, chorando, para eu a matar. Eu nunca a vi tão desesperada. Ela gritava, dizendo que não queria ser levada. Ela me implorava para mata-la, para permitir que ele a levasse para a floresta escura. Eu fecho os olhos e escuto o grito dela.
- E então, voce atirou nas duas.
- Eu não quis! Mas era isso ou deixar ele as levar. Não tinha mais nada que eu pudesse fazer, entende? Ele iria sumir com elas pra sempre! eu queria pelo menos ter um cadáver pra poder enterrar!
O detetive ficou pensativo por uns segundos. Definitivamente não acreditava em nada daquilo, mas não podia negar que aquele homem estava muito alterado. Ele viu algo assustador noite passada, isso era certeza.
A luz oscilou.
O senhor Levin deu um pulo da cadeira.
- É ele! ele veio me buscar!
- Senhor Levin fique calmo! não existe homem comprido! isso foi só um problema com a energia, acontece sempre!
Em seguida, a luz apagou completamente: o senhor Levin começou a gritar e chamar o nome de Deus. O detetive gritou para ele se acalmar, mas então sentiu uma força empurrando-o...
Gritos dos dois e barulhos de tiros. O grito do senhor Levin foi silenciado de repente, como se tivesse sido subitamente interrompido. A luz voltou. Os outros policiais na outra sala, apertaram os olhos contra o vidro para ter certeza do que estavam vendo: A mesa da sala estava quebrada, as cadeiras caídas. O detetive Cartes caído num canto, mole como uma marionete sem cordas... e nem sinal do Senhor Levin.
Quando investigaram a sala, os policiais não viram nada que pudesse justificar o desaparecimento dele. Nenhuma marca na parece e a janela estava intacta... e o que quer te tenha matado o detetive, tinha muita força, foi muitos dos ossos dele estavam quebrados.
O caso foi encerrado. O fazendeiro levou a culpa pelo assassinato da sua família e também do detetive. Foi dado como foragido e perigoso, mas nunca mais foi encontrado.
Arrepiante... Surpreendente como tudo o que você escreve.
ResponderExcluirArrepiante... Surpreendente como tudo o que você escreve.
ResponderExcluirGostei.
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