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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Casper


 -  911 emergência, você precisa de ajuda?
 -  Sim! sim. Tem alguém na minha casa.
 - Ok senhor fique calmo - respondeu a operadora - Eu já notifiquei a policia, eles estarão aí em alguns minutos. Eu preciso que confirme seu endereço.
  - Oh Deus Oh Deus... - o homem respirava fundo, tentando manter a sanidade.
  - Senhor? por favor, o senhor está falando da Rua Elm numero 1413, apartamento 2?
  - Sim! - respondeu ele impaciente, levantando o tom de voz. - Rua Elm apartamento 2! manda logo alguém pra cá!
   - A policia já foi notificada e estarão aí em alguns minutos, mas agora eu preciso que o senhor fique calmo, está bem? o Senhor viu se é um homem ou uma mulher?
    - Eu não sei! eu só vi de costas. Só deu pra ver que era alguém sem cabelo. Quando se virou na minha direção eu corri pro quarto.
    - Sem cabelo?
    - Sem cabelo! nada na cabeça, nenhum cabelo, só pele. - estava notavelmente alterado.
    Barulho de vidro quebrando ao longe, acompanhado de uma breve interferência na ligação, que cortou a descrição que o homem fazia.
     - O que foi isso?
     O homem continuou como se não tivesse percebido nada:
     - ... tudo. Começou a tremer tudo a minha volta.
     - O que começou a tremer e que barulho foi esse, senhor.
     - Você não tá me ouvindo?  Tudo começou a tremer! não sei explicar!
     - Você consegue chegar à alguma saída?
     - Não, eu to no armário. Ah meu Deus...
     - Tá certo. Eu preciso que fique calmo. Você algo que possa usar para se defender?
     - Hun... tem uns cabides aqui...
     - Ok, pegue um dos cabides...
     - Eles são de plástico!
     - Ok, tem algo mais...
     Barulho de coisas quebrando, dessa vez bem mais perto.
     - Vai embora! - gritou ele.
     - O que está acontecendo?
     - Vai embora! - gritou de novo, dessa vez coma  voz quase sumindo.
     - Senhor?
     Barulho alto, depois silencio.
     - Senhor? 
     - Ele ta na porta. - respondeu, bem baixinho. - ele ta no quarto.
     Sons estranhos de metal batendo ecoam pelo telefone. A operadora tenta não demonstrar medo, e continua com voz firme.
    - A policia está a alguns minutos daí, eu só preciso que o senhor aguente um pouco mais.
    - Por favor... por favor eu to com tanto medo, eu...
    Rangido de porta abrindo.

    " Oi! eu sou Casper!"
    - AH MEU DEUS! - gritou ele. Foi o grito mais assustador que ela já ouviu desde que começou com esse trabalho.
     Sons de metal batendo, coisas quebrando: obviamente uma luta. A voz do homem ainda podia ser ouvida, mas ao longe, gemendo e gritando.
    - VAI EMBORA!
    - Senhor?
    A voz dele foi ficando mais distante, como se tivesse sendo levado pra longe, apesar de ainda estar gritando, a voz dele foi sumindo. Risadas de crianças ecoaram do outro lado da linha. A operadora deu um pulo de susto com o coração na mão. Os gritos pararam. Silencio.
  - Alô? quem está ai? - perguntou ela.
  Ouviu mais uma vez uma risadinha abafada ao longe. 
  - Quem está ai!? - quase gritando.
  - Olá! - uma voz fina e feliz respondeu do outro lado. Uma voz que lhe causou frio na coluna e que vai tirar o sono dela por muitos dias.
  - A policia está chegando, não tem pra onde correr. 
  - Eu sou Casper!
  A linha fica muda antes que ela pudesse dizer qualquer coisa.

***

    Alguns minutos depois, a policia chegou ao local. A porta do apartamento estava aberta, mas nenhum vizinho acordado. A casa estava revirada, mas ao que parecia o intruso não buscava por algo, mas sim, destruir coisas.
    No quarto, encontraram a porta derrubada e mais uma vez, tudo revirado. Houve luta ali. A porta do armário estava aberta e um rastro se sangue seguia direto para o espelho de parede, terminando nele. O lençol da cama tinha sido arrancado como se alguém tivesse se agarrado a ele. O lençol estava esticado no chão, a alguns centímetros do espelho.
    Ele aponta sua lanterna para o espelho. Uma marca de mão pôde ser vista nele. Uma marca de mão do tamanho da mão de um adulto. Analisou a marca com cuidado... quase não reparou no sorriso largo e cheio de dentes que apareceu no reflexo do espelho.
   "Oi!"



   

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